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Uma startup diz que começou a liberar partículas na atmosfera, em um esforço para ajustar o clima

Sep 13, 2023

A Make Sunsets já está tentando obter receita com a geoengenharia, um movimento que provavelmente provocará críticas generalizadas.

Uma startup afirma ter lançado balões meteorológicos que podem ter liberado partículas refletoras de enxofre na estratosfera, potencialmente cruzando uma barreira controversa no campo da geoengenharia solar.

A geoengenharia refere-se a esforços deliberados para manipular o clima refletindo mais luz solar de volta ao espaço, imitando um processo natural que ocorre após grandes erupções vulcânicas. Em teoria, a pulverização de enxofre e partículas semelhantes em quantidades suficientes poderia aliviar o aquecimento global.

Não é tecnicamente difícil liberar tais compostos na estratosfera. Mas os cientistas em sua maioria (embora não totalmente) se abstiveram de realizar experimentos externos em pequena escala. E não está claro se alguém já injetou materiais nessa camada específica da atmosfera no contexto da pesquisa relacionada à geoengenharia.

Isso é em parte porque é altamente controverso. Pouco se sabe sobre o efeito no mundo real dessas intervenções deliberadas em larga escala, mas elas podem ter efeitos colaterais perigosos. Os impactos também podem ser piores em algumas regiões do que em outras, o que pode provocar conflitos geopolíticos.

Alguns pesquisadores que há muito estudam a tecnologia estão profundamente preocupados com o fato de a empresa, Make Sunsets, parecer ter avançado com lançamentos de um local no México sem qualquer envolvimento público ou escrutínio científico. Já está tentando vender "créditos de resfriamento" para futuros voos de balão que possam transportar cargas maiores.

Vários pesquisadores com quem o MIT Technology Review conversou condenaram o esforço de comercializar a geoengenharia neste estágio inicial. Alguns potenciais investidores e clientes que analisaram as propostas da empresa dizem que não se trata de um esforço científico sério ou de um negócio confiável, mas sim de chamar a atenção para provocar controvérsias no campo.

Luke Iseman, cofundador e CEO da Make Sunsets, reconhece que o esforço é parte empreendedora e parte provocação, um ato de ativismo de geoengenharia.

O esforço federal pode preparar o terreno para mais estudos sobre a viabilidade, benefícios e riscos de um dos meios mais controversos de combate às mudanças climáticas.

Ele espera que, ao avançar no controverso espaço, a startup ajude a impulsionar o debate público e a impulsionar um campo científico que tem enfrentado grande dificuldade em realizar experimentos de campo em pequena escala em meio às críticas.

"Nós brincamos, não brincamos, que isso é em parte uma empresa e em parte um culto", diz ele.

Iseman, anteriormente diretor de hardware da Y Combinator, diz que espera ser criticado tanto por críticos de geoengenharia quanto por pesquisadores da área por dar esse passo, e ele reconhece que "me fazer parecer o vilão de Bond vai ser útil para determinados grupos". Mas ele diz que a mudança climática é uma ameaça tão grave, e o mundo se moveu tão lentamente para resolver o problema subjacente, que agora são necessárias intervenções mais radicais.

"É moralmente errado, na minha opinião, não fazermos isso", diz ele. O importante é "fazer isso da forma mais rápida e segura possível".

Mas especialistas dedicados na área acham que tais esforços são extremamente prematuros e podem ter o efeito oposto do que Iseman espera.

"O estado atual da ciência não é bom o suficiente para rejeitar ou aceitar, muito menos implementar" a geoengenharia solar, escreveu Janos Pasztor, diretor executivo da Carnegie Climate Governance Initiative, em um e-mail. A iniciativa pede a supervisão da geoengenharia e outras tecnologias que alteram o clima, seja por governos, acordos internacionais ou órgãos científicos. "Avançar com a implementação nesta fase é uma péssima ideia", acrescentou, comparando-a com a decisão do cientista chinês He Jiankui de usar o CRISPR para editar o DNA de embriões enquanto a comunidade científica ainda estava debatendo a segurança e a ética de tal etapa.